1 de abr. de 2011

Dancing The Dream | Dança da Vida

Não posso fugir da lua. Seus suaves raios de luz iluminam as cortinas à noite. Não preciso procurá-la - uma energia fria e azul cai sobre minha cama e acordo. Desço o salão escuro e abro a porta, não para sair de casa, mas para voltar a ela. "Lua, estou aqui!" grito. "Bom," ela responde. "Agora dance um pouco." Mas meu corpo começou a mover-se bem antes que ela dissesse algo. Quando ele começou? Não consigo lembrar - meu corpo sempre esteve em movimento. Desde a infância eu reagi à lua desta forma, como seu lunátivo favorito, e não apenas dela. As estrelas me puxam para perto, o bastante para eu ver através de seu brilho. Elas estão dançando também, fazendo um suave movimento molecular que faz meus átomos de carbono pularem.

Com meus braços abertos, fui ao mar, que libera outra dança em mim. A dança da lua é lenta por dentro, e suave como sombras azuis sobre o campo. Quando as ondas roncam, ouço o coração da terra, e o ritmo aumenta. Sinto os golfinhos pulando na espuma branca, tentando voar, e quase conseguindo quando as ondas aumentam até os céus. Suas caudas deixam arcos de luz como os dos plânctons nas ondas. Um cardume de peixes surge, brilhando em prata ao luar como uma nova constelação. "Ah!" o mar diz, "Agora reunimos uma plateia." Corro pela praia, pegando ondas com um dos pés e esquivando-se com o outro. Ouço sons fracos que surgem - uma centena de caranguejos assustados mergulham em seus buracos, só para se garantirem. Mas estou correndo agora, às vezes nas pontas dos meus dedos. Às vezes, planamente. Jogo minha cabeça para trás e uma nebulosa diz, "Rápido agora, gire!" Rindo, mergulhando minha cabeça, começo a girar o mais rápido que consigo. Esta é minha dança favorita, porque ela tem um segredo. Por mais rápido que giro, estou mais tranquilo por dentro. Minha dança é movimento por fora, silêncio por dentro.

Tanto quanto eu amo fazer música, é a música inaudível que nunca morre. E o silêncio é minha dança real, embora nunca se mova. Ele fica de lado, meu coreógrafo da graça, e abençoa cada dedo das mãos e dos pés. Esqueci da lua agora e o mar e os golfinhos, mas estou em sua alegria mais que nunca. Longínqua como uma estrela, próxima como um grão de areia, a presença surge, brilhando com luz. Poderia estar dentro dela para sempre, pois é tão amável e quente. Mas toque-a uma vez, e a luz explode para fora do silêncio. Ela treme e me treme, e sei que meu destino é mostrar aos outros que este silêncio é luz, esta bênção é minha dança. Pego este presente para dá-lo novamente. "Rápido, dê!" diz a lua. Como nunca, tento obedecer, inventando novos passos, novos gestos de alegria. De repente sinto onde estou, correndo de volta para a colina. A luz de meu quarto está ligada. Vendo ela me faz desistir. Começo a sentir meu esmagado coração, a sonolência em meus braços, o sangue quente em minhas pernas. Minhas células querem dançar mais devagar. "Podemos andar um pouco?" elas perguntam. "Foi cansativo." "Claro." Eu ri, reduzindo a marcha.

Girei a maçaneta, ofegando levemente, feliz por estar cansado. Rastejando até a cama, lembrei-me de algo que sempre quis saber. Elas disseram que algumas estrelas que vemos sobre nossas cabeças não estão lá realmente. Suas luzes levam milhões de anos para chegarem até nós, e tudo o que fazemos é olhar para o passado, para um momento antigo onde aquelas estrelas ainda podiam brilhar. "Então o que a estrela faz depois de perder seu brilho?" perguntei a mim mesmo. "Talvez ela morre." "Oh, não," uma voz em minha cabeça diz. "Uma estrela nunca pode morrer. Ela só se transforma num sorriso e se funde com a música cósmica, a dança da vida." Gostei daquele pensamento, o último que tive antes de meus olhos fecharem. Com um sorriso, eu mesmo me fundi com a música.
Extraído do livro "Dancing The Dream", de Michael Jackson - 1992.
Traduzido por JimVerc

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