Ele viveu no deserto toda a sua vida, mas para mim foi completamente novo. "Vê aquela pegada na areia?" ele perguntou, apontando para um ponto no penhasco. Olhei o mais perto que pude. "Não, não vejo nada." "É apenas o ponto," ele riu. "Onde você não pode ver a marca, é onde os Antigos andaram." Nos afastamos mais um pouco, e ele apontou para uma abertura, acima da parede de arenito. "Vê aquela casa lá em cima?" ele perguntou. Entortei os olhos. "Não há nada para ver." "És um bom aluno," ele sorriu. "Onde não há teto ou chaminé, é onde os Antigos provavelmente viveram."
Fizemos a curva, e diante de nós estava uma vista fabulosa - milhares e milhares de flores do deserto em florescência. "Pode ver alguém perdido?" ele perguntou-me. Balancei minha cabeça. "São apenas ondas e ondas de beleza." "Sim," disse em voz baixa. "Onde nada está perdido, é onde os Antigos colheram ao máximo." Pensei sobre tudo isso, sobre como as gerações viveram uma vez em harmonia com a terra, não deixando nenhuma cicatriz nos lugares que eles habitaram. No campo, naquela noite, eu disse, "Você esqueceu de uma coisa." "O que é?" ele perguntou. "Onde os Antigos estão enterrados?" Sem resposta, ele acendeu sua bengala. Uma chama surgiu, golpeou o ar, e desapareceu. Meu professor me deu um clarão para perguntar se entendi esta lição. Sentei muito calmo, e meu silêncio disse a ele que sim.
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Extraído do livro Dancing The Dream
Escrito por Michael Jackson. Introdução por Elizabeth Taylor.
Publicado em 1992 pela editora Doubleday.
ISBN: 0385422776 - 149 páginas
Traduzido para o português por Jaime Verçosa (jimverc@gmail.com)
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